A Acne Studios apresentou a sua coleção Primavera-Verão 2026 no Collège des Bernardins, na terceira noite da Semana de Moda de Paris. Um espaço histórico transformado num salão carregado de fumo e tensão foi o cenário perfeito para uma coleção que rompe com os códigos de género e reescreve a narrativa do feminino.
As peças jogam com a androginia. Blazers de corte desconstruído. Camisas de uniforme. Renda de alta-costura transformada em patchwork, quase como pele tatuada.
O contraste marca o ritmo. Camisa de lenhador combinada com saia leve. Popelina deslavada. Pele e camurça com aparência gasta, como se tivessem sido trabalhadas até ao limite. Malhas finas em camadas. Sweaters com buracos usados por fora. O denim é usado como campo de experimentação: rasgado, recomposto e tratado com látex. A silhueta “1999” regressa, mas distorcida.
Os acessórios não ficam atrás. Óculos aviador com lentes refletoras ou transparentes. Cintos com fivelas grandes. Brincos XXL montados com pedras. Sapatos com carácter, como loafers quadrados, pumps com ponta elevada e botas cowboy gigantes que sobem até à coxa. Na marroquinaria, novas versões do Camero e a estreia do Hotel, um weekender pensado para ocupar espaço.
A imagem visual é da responsabilidade de Pacifico Silano. Collages com carga homoerótica que se integram no espaço do desfile. A música, assinada por Robyn, acrescenta um pulso emocional e físico, com novos temas e uma nova versão de Robotboy junto a Yung Lean.
No ano em que a Acne Studios se aproxima das suas três décadas, a SS26 coloca questões sobre o que significa hoje a identidade feminina.
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