O futuro do TikTok nos Estados Unidos já está definido. A popular rede social detida pela chinesa ByteDance chegou a um acordo para vender a sua divisão norte-americana a uma nova empresa conjunta formada por investidores locais. A notícia foi recentemente comunicada aos funcionários através de um memorando interno assinado pelo CEO da empresa, Shou Chew.
Embora ainda faltem acertar alguns pormenores, tudo indica que a operação será oficialmente concluída antes de 22 de janeiro.
Uma nova empresa para o TikTok nos EUA
A filial passará a chamar-se TikTok USDS Joint Venture LLC. Cerca de 50% da nova sociedade ficará nas mãos de um consórcio formado pela Oracle, Silver Lake e MGX.
A Oracle, gigante tecnológica norte-americana, já colaborava com o TikTok na gestão e alojamento dos dados dos utilizadores no país. Por sua vez, a Silver Lake é uma das firmas de investimento mais influentes do mundo, com participações em empresas como a Airbnb e o Twitter. Completa o grupo a MGX, um fundo sediado nos Emirados Árabes Unidos, conhecido pela sua aposta em projetos ligados à inteligência artificial e a tecnologias avançadas, e apoiado por fundos soberanos do país.
Os outros 50% da empresa continuarão a pertencer a investidores ligados à ByteDance e à própria companhia chinesa, embora não tenham sido divulgados mais detalhes.
Da ameaça de bloqueio ao acordo
Este passo surge após anos de tensões entre Washington e o TikTok. A administração norte-americana promoveu uma lei que obrigava a ByteDance a desfazer-se do seu negócio no país caso quisesse evitar a proibição total da app. O objetivo era impedir que uma empresa chinesa controlasse uma plataforma com milhões de utilizadores norte-americanos.
As primeiras tentativas de veto remontam a 2021, durante o primeiro mandato de Donald Trump, embora nunca se tenham concretizado. Mais tarde, sob a presidência de Joe Biden, a medida manteve-se em cima da mesa, sem nunca chegar a ser aplicada. Já no seu segundo mandato, Trump optou por adiar a sua entrada em vigor para dar margem a uma negociação que acabou por resultar neste acordo de venda.
Porque é que o TikTok preocupa tanto os EUA?
O principal motivo de preocupação para o governo norte-americano é a relação da ByteDance com o governo chinês. Em Washington, teme-se que Pequim possa pressionar a empresa para aceder a dados dos utilizadores ou influenciar a opinião pública através do algoritmo da plataforma.
A ByteDance sempre negou estas acusações e garantiu que não partilha dados dos seus utilizadores com as autoridades chinesas. Até agora, os Estados Unidos não apresentaram provas conclusivas que sustentem esses receios.
Ainda assim, existe preocupação quanto ao possível uso do TikTok como ferramenta de desinformação. Um exemplo recente é o da Roménia, onde as eleições presidenciais foram anuladas depois de as autoridades suspeitarem de uma campanha de influência estrangeira na plataforma.
Um novo capítulo para o TikTok
Com este acordo, o TikTok procura garantir a sua continuidade num dos seus mercados mais importantes e, ao mesmo tempo, responder às exigências políticas dos Estados Unidos. A criação de uma empresa com controlo maioritariamente local pretende dissipar as dúvidas em torno da segurança nacional e dar estabilidade ao futuro da app no país.
À falta de acertar os últimos detalhes, tudo indica que o TikTok inicia agora uma nova fase em solo norte-americano.
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