Kris Van Assche junta-se à lista de designers que, depois de deixarem as passerelles, decidiram levar a sua criatividade para outros territórios. Após uma carreira marcada pelo seu trabalho ao lado de Hedi Slimane na Yves Saint Laurent e na Dior, pela criação da sua marca KRISVANASSCHE e pela sua etapa como diretor criativo da Dior Homme e da Berluti, o designer belga muda de formato, mas não de olhar.
Na passada primavera, apresentou a sua primeira colaboração com a Serax, uma marca belga especializada em homewear contemporâneo. Essa coleção estreou-se com jarras e castiçais de vidro, definidos por formas orgânicas e cores suaves. Agora, mesmo antes do Natal, a colaboração cresce com uma segunda entrega que reforça a ligação entre ambos.
A segunda coleção de Kris Van Assche para a Serax
Nesta nova fase, Van Assche entra no universo das velas. Desenvolve duas fragrâncias com uma clara carga pessoal. Uma delas evoca os verões da sua infância em Espanha. A outra recupera o imaginário da bomboneira, já presente em peças anteriores, através de notas doces e florais.
A coleção mantém uma tensão poética constante. Os objetos do quotidiano são reinterpretados através de materiais mais cuidados. Já em junho, as jarras em forma de garrafas de cerveja em vidro soprado refletiam essa intenção de unir o familiar ao sofisticado. Uma dualidade que, segundo o próprio designer, sempre impulsionou o seu trabalho criativo.
As peças criadas em conjunto com a Serax recebem o nome Josephine, em homenagem à sua avó. O gesto reforça o carácter íntimo do projeto. Numa entrevista à MF Fashion, Van Assche explicou que este regresso ao artesanal surgiu após a sua saída do sistema da moda em 2021.
Longe do ritmo acelerado das coleções, o designer afirma ter reencontrado o seu interesse pela “old world beauty”. Uma estética que também encontra referências na obra de Robert Mapplethorpe. A coleção foi desenvolvida em colaboração com o floral artist Mark Colle, reforçando o diálogo entre arte, forma e matéria.
Quando Kris Van Assche desenhou cadeiras
Esta não é a sua primeira incursão no design de interiores. Em 2019, durante a Design Miami, colaborou com François Laffanour, fundador da Galerie Downtown. Juntos, reinterpretaram 17 peças originais de Pierre Jeanneret dos anos cinquenta.
O projeto destacou-se pelo uso da cor. Foram aplicadas dezoito tonalidades a peças icónicas como a cadeira de cinema Sukhna, o daybed Nespola ou a poltrona Pinjore. Mais uma prova de que, mesmo fora da moda, a linguagem criativa de Kris Van Assche permanece intacta.
Olhando para o futuro, Van Assche não exclui um regresso à moda nem a possibilidade de se concentrar apenas no interior design. O seu objetivo é encontrar um projeto que partilhe essa sensibilidade clássica que hoje reivindica.
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